segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Catarse

    Nem sabia direito porque havia ido. Por tantos anos deixando por isso mesmo. Talvez houvesse chegado o momento certo. Momentos são estranhos. Não sabia identificar o momento de quando tudo começou. E agora, de uma hora para outra precisava olhar nos olhos dele e falar tudo o que por muitos anos estava preso na garganta. Preso. Era isso. O que sufocava e o que a impedia de seguir em frente. Nem mesmo importava o que ia falar. Se é que falaria algo. Precisava apenas desafogar. Depois quem sabe, virar as costas e se permitir um novo momento. E tinha tanto para falar. Precisava coordenar os pensamentos. Senão já sabia. Não falaria nada.
     Precisava daquilo. Precisava. Claro que era uma ideia tosca. Mas pior do que ir ao encontro dele e falar, falar, colocar tudo para fora era continuar para sempre presa naquele mundo de fantasias. Ele podia até não querer ouvir. Ninguém é obrigado a escutar ninguém. Talvez quando exista uma relação. Mas não assim. Do nada. Um fantasma do passado pronto a desaguar mágoas de um mundo que nunca lhe pertenceu.
     Pensou por dias na roupa que ia vestir. Precisava estar linda. Por ela mesma, para sentir segurança. Pediu apoio para as amigas. A cor do esmalte, o batom. Tudo perfeito. Era o grande momento. A libertação final. Dali sairia uma nova mulher. Não esperava uma resposta dele. O mais provável era ele pensar que se tratava de uma louca. Era falar e ir embora. Deixar fluir cada sentimento que mantinha preso.
      Estacionou o carro. Tentou abrir a porta. Algo impedia todos os seus movimentos. Ouvia seu coração bater. A maquiagem escorrendo por causa das lágrimas. Estava em choque. Adiou a catarse.


http://www.youtube.com/watch?v=_Y7lPuUxqRM

domingo, 8 de dezembro de 2013

2014

Que eu possa viver meus sonhos.
Apostar no riso.
Dormir sem lágrimas.
Pensar o hoje.

Que eu possa concretizar o pensamento.
Sorrir sem medo.
Acordar confiante.
Esquecer o ontem.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Indo para o forno!

Já assinei o contrato e agora é só esperar que apesar da greve dos correios, meu Sedex chegue até a Editora...O arquivo do novo livro já foi enviado por email. Agora começa a parte chata, esperar, esperar, esperar....

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Como se não houvesse amanhã

       Quando a gente se conheceu a nossa música era Caribbean Blue, da Enya... e agora essa música parece um prenúncio da partida dele....e toda vez que a gente discutia, eu falava pra ele que ele era página virada na minha vida... ele ria e dizia que ficaria comigo até o fim dos meus dias... e eu chorava de escutar aquela música da Ana Carolina "quem de nós dois"... dizia que era a nossa cara...me sinto tão sozinha sem ele...como se as coisas não fizessem mais sentido...ele era o cara....e eu não tenho nem chance de procurá-lo para consertar as coisas...
     Eu nunca gostei de loiros, e naquele instante lembrei de uma grande amiga que dizia que tudo na vida dela estava bem...até aparecer um loiro...daí bagunçava tudo e levava uma vida pra arrumar!  Conheci ele no primeiro ano da faculdade, numa festa de um cursinho pré vestibular... na época eu não sabia, mas ele era um dos sócios do cursinho. Parecia que algo me puxava pra ele... foi mágico... respirei fundo e fui falar com ele, simples assim! 
      Eu estava numa fase que só aparecia homem casado na minha vida, então já imaginando evitar problemas futuros cheguei nele e disse na lata: "você é casado?" Nem "oi" eu disse! Ele me olhou de um jeito que nunca vou esquecer, pois os olhos azuis dele ficaram arregalados, mas só me respondeu "Não"
Não perguntou porque fiz aquela pergunta e a gente ficou ali, parado se olhando....então eu disse "ainda bem"...
e ele me deu um sorriso maravilhoso....O mais legal é que nenhum dos dois ficou sem graça... simplesmente rolou a tal da química....seria muito fácil a gente namorar né? Eu perguntei se ele era casado e a resposta foi não.... mas esqueci de perguntar o resto dos compromissos... ele tinha uma noiva.
      Ele não ser casado já era um alívio, e a atração que existia entre nós era tão grande, que era impossível existir longe dele. Ficávamos horas escutando música, falando de livros, e virávamos a madrugada....tudo parecia conspirar para que ficássemos perto. Ah, só que do nada, eu lembrava que existia "a noiva", eu pensava nela como o próprio demônio. Era por causa dela que o meu ódio se tornava maior que o meu amor, e então já havia uma briga enorme. Eu queria ele tão perto de mim que o afastava sem perceber.
       A gente ia ficando e eu me emputecia porque queria algo sério com ele... mas eu não falava.... aí a gente brigava por qualquer besteira....a gente sumia... sei lá dias, semanas...quem não aguentava, ligava pro outro como se nada tivesse acontecido.... quando ele me ligava, eu só largava ironia e patada.... ele se esquivava, eu não conseguia ficar brava com ele e a gente voltava a se relacionar... tipo assim.... e hoje? Que você vai fazer? Eu dizia, nada.... e ele dizia, passo lá... e eu ok... e eu ficava esperando... e ele vinha e começava tudo de novo como se não tivesse parado.... com ele vinham minhas paranoias com a noiva e eu me irritava de novo... e assim ia...sempre a mesma história, a mesma briga, o mesmo recomeço. Quando eu achava que não ia ter volta, ficava com outro, fingia que não estava sofrendo. E deixava ele saber, e até ver que eu também não estaria disposta a ser a "outra" pra sempre. Que a minha vida também caminhava sem ele.
      Numa dessas brigas, sem a gente se falar por um longo tempo, precisei me mudar. Escolhi o apê a toque de caixa, e quando fui assinar os papéis vi que a proprietária tinha o sobrenome dele... mesmo com a gente brigado, liguei na maior cara de pau e perguntei quem era a dita cuja.... ele disse: minha tia, porque? Comecei a rir e disse: Vou ser sua vizinha!!!!! Ele não acreditava... foi uma das poucas vezes que deixei ele sem palavras....e começava nossa ladainha de novo! Agora era mais fácil, pois ele saía de manhãzinha, me cobria e só atravessava a rua...e daí a gente brigava....



       Se eu pudesse voltar no tempo e contar para mim mesma tudo o que sei agora, tinha jogado tudo para o alto pra ficar com ele... se eu imaginasse o quanto ele me amava, o quanto eu era importante para ele,
mas nenhum de nós dois verbalizava isso...era estranho...muita coisa não se disse...na verdade, eu mesma só fui falar o que sentia e ouvir todo o amor que ele havia escondido, três dias antes dele morrer. Eu

disse algumas coisas pra ele que ele nem imaginava que eu pensava daquele jeito....Não sei porque o destino, Deus, o acaso, nos pregou essa peça. Foram dez, quinze, mais anos, com um amor lacrado dentro do peito...então deixamos todas as besteiras de lado. A gente se amava e teríamos a vida toda pela frente. Ele era o meu grande amor. Eu era o grande amor da vida dele. Pronto. E já nem existia mais noiva, os dois estávamos solteiros, livres...Prontos pra nos encontrar. E daí ele infartou. Um homem forte, saudável, com uma vida tranquila e prestes a me encontrar...De todas as maldades da vida, por esta eu jamais poderia esperar. Na verdade, acho que ainda não acredito...

" É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade não há." Legião Urbana




http://www.vagalume.com.br/enya/caribbean-blue-traducao.html
http://www.vagalume.com.br/ana-carolina/quem-de-nos-dois.html

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* História em memória de Fabiano Varassin e dedicada a minha grande amiga/irmã.














quinta-feira, 25 de julho de 2013

Agora é só na base do empréstimo...

Razão de ser
                                  (Paulo Leminski)
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
e as estrelas lá no céu
lembram letras no papel,
quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
                                                                 Tem que ter por quê?

domingo, 21 de julho de 2013

O texto a seguir foi copiado e postado com autorização da autora, Clarissa Côrrea



Já fugi de alguns lugares, pessoas e situações, mas nunca consegui fugir de mim. Posso já ter me ausentado, ter dito ei-volta-amanhã, ter trancado a porta, ter esquecido a chave do lado de dentro, ter deixado as luzes apagadas, ter perdido a hora, ter desligado o despertador, ter esquecido de esquecer, ter fingido um sono profundo ou uma preguiça boba, mas nunca soube fazer as malas e ir embora da minha alma.
Ninguém vai resolver a minha vida, pagar as minhas contas, me colocar no colo e dizer não-te-preocupa-que-vai-passar, me servir um chá com biscoitos, deixar a casa em ordem e a mente equilibrada. Se eu não arregaçar as mangas, der um suspiro fundo e andar para a frente a minha vida vai ficar empacada. Até o fim do mundo.
Não vou negar que por alguns momentos fiquei vendo momentos da minha vida passarem pela janela. E eu ficava ali, observando, atônita, paralisada, sem coragem de agarrar as oportunidades com determinação. Mas uma hora alguma coisa me chacoalhou por dentro, me balançou, me fez abrir os olhos e entender que tudo é passageiro. Hoje eu sou uma e amanhã posso ser outra. A gente vai aprendendo com o tempo, os dias, as marés. E esse aprendizado vira marca, vira tatuagem, vira história de vida.
Nunca quis que me vissem como a pobre garotinha indefesa. Tenho muita força, garra, vontade. Muitas vezes me perco no meio dessa teia de pensamentos, sonhos, anseios. De vez em quando não sei o que fazer pra sossegar o coração, aquietar a alma, tranquilizar a mente, que tanto me desassossega. Então pareço perdida num labirinto interno e secreto, tentando desesperadamente achar a saída mais próxima e me desfazer do que atormenta e aflige.
Carrego no peito todos os sorrisos e lágrimas que já distribuí. Levo na alma todos que me são fundamentais. Trago comigo as boas lembranças e algumas marcas e cicatrizes que não se desfazem com o passar do tempo. Sei que um dia tudo vai ficar mais claro, mais tranquilo, mais cheio de harmonia. E torço para que todas as pessoas consigam perceber que não importa o que elas façam ou da onde elas venham, no fundo somos todos iguais. Querendo ou não.
 

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Lembranças de neve.

       Fiquei assustada quando fiz as contas. Dois anos e seis meses, eu era quase um bebê! Mas lembro tão bem que posso contar cada detalhe. Meus tios fazendo boneco de neve em cima do Corcel vermelho do meu pai. Aquela coisa geladinha caindo sobre meu nariz. Minha vó estendendo um tapete no gramado para neve cair e ficar limpinha e eu poder brincar...Eu e a Cris, que saudade me deu da Cristiane!
       Eu adorava a Cris, era minha companheira, com ela passava tardes e tardes cortando bonequinhas de papel, brincando de equilibrista em cima do muro ou nadando no tanquinho destinado à carpas e tartarugas no jardim de inverno da minha avó.
     Quando a neve cobriu todo o tapete, meio sem saber como brincar com a novidade, fomos fazendo castelinhos como na areia da praia. Delícia de brincadeira! Até que meus pes começaram a amortecer, e doíam tanto, tanto que eu já não podia andar. A Cris, assustada me levou para minha avó:
- Mãe, a Desi tá chorando de dor nos pés, acho que foi a neve que machucou os pes dela!
Então minha avó me colocou sobre o balcão da cozinha, ligou um aquecedor que era acoplado num liquinho e deixou meus pés esquentando enquanto forrava minha botinha de couro com jornal.
- É a umidade que faz congelar, vocês podem brincar mas precisam cuidar para manter o corpo todo seco, e agora quero que corram pela casa, até os pés voltarem a temperatura normal...depois podem brincar na neve.
     Gostaria que alguém tivesse filmado, provavelmente a neve pegou meu pai e avô desprevenidos...tiraram muitas fotos, mas só tenho em slides, acho que era moda na época, fazer slide de tudo...depois passar para as visitas, nas tardes de domingo, junto com as projeções de Super8. Salvamos alguns desses filmes, que meu pai passou para fitas de vídeo e depois para DVD. Coisa linda de ver, todo mundo cabeludo, usando boca de sino! Sem contar as grandes aventuras...meu pai, avô, primos, voando nos Auto Giros, engenhocas construidas por eles mesmos, que voavam milagrosamente depois de serem puxadas com uma corda amarrada ao carro. Tenho algumas imagens sensacionais feitas no Autódromo de Pinhais.
    Mas voltando a neve,tudo isso foi porque acabei de ler na internet, uma previsão de neve para Curitiba, na próxima quarta-feira. Acho que seria maravilhoso, depois de trinta e oito anos ver neve em Curitiba. Sabe aquele gostinho de infância? De vontade de sentar no colinho da minha avó, rir dos "causos" do meu avô, de comer uma lata cheia de botão de rosa e escorregar de meias no piso encerado... Acho que só me sobrou, fazer os botões de rosa e comer assistindo esses filmes dos anos 70. E torcer para que pelo menos uma vez na vida tenham acertado na previsão.

http://www.bandab.com.br/jornalismo/instituto-surpreende-e-preve-neve-para-curitiba-na-quarta-feira/



Dedico aos meus queridos avós: Azaury Marés de Souza, Ione Riesemberg Costa. E também em memória da querida (tia adotiva) Cristiane Costa de Souza.

sábado, 15 de junho de 2013

Leva no olhar.

      Era apenas uma noite comum. Daquelas em que a lua ilumina pouco e o frio do sul tira a vontade de sair. Mas ele pegou mais uma jaqueta, a mochila e o violão. O que menos importava era para onde ia. Foi onde o acaso apontou. Onde havia pedras para subir e barulho de água para adormecer.
      Acendeu o fogo e olhou o céu sem estrelas. Deixou uma chaleira aquecendo. Queria também aquecer sua alma. Talvez ser parte da fumaça, voando levado ao vento, sem destino e sem porquê. Porque assim devia ser a vida do homem, sem razão ou vontade. Sem desejos nem ambições. Estar ali por estar...não, a verdade é que jamais poderia se enganar. Não era dono da sua vida desde que a olhou pela primeira vez, e já fazia tanto tempo que já nem sabia se era verdade. E ela estava com ele ali. Como estava no trabalho ou em sua casa. Já tinha mandado ela embora tantas vezes que cansou e desistiu. Que ficasse, não importava o motivo. Talvez um dia fosse real. Talvez não. Encostou num tronco e começou a tocar. Tocou até o amanhecer. Caminhou de volta para casa sem pressa alguma. E ela voltou com ele.


http://www.vagalume.com.br/paralamas-do-sucesso/aonde-quer-que-eu-va.html

      

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Dia da Família

Se hoje eu pudesse desejar alguma coisa para toda humanidade, eu só queria que toda criança fosse amada, querida, desejada, educada com amor dentro de sua própria família. Tenho certeza que assim teríamos crianças e adolescentes felizes dentro da escola, sem essa imensa carência afetiva que só promove indisciplina e revolta. Criança educada com amor aprende melhor, respeita seus colegas e professores. Infelizmente o que eu vejo todos os dias na minha sala, como pedagoga, são adolescentes que inconcientemente gritam: - Olhe para mim! - Chame minha atenção! - Me dê um pouco do seu tempo! - Me faça perceber que alguém se importa comigo!
Criança/adolescente amado é adulto saudável, que tem referências, raízes. Que vai cometer seus erros sim, porque é humano, mais vai se erguer novamente porque tem base sólida. Família é carinho, é conforto, é segurança. 

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Janaína (parte 01, única ou início de uma série...)

      O fato de Janaína ter sido criada nos princípios da fé, amor e caridade modelaram seus padrões de moral desde a mais tenra idade. O Centro Espírita filiado a federação era o seu segundo lar. A única que torcia o nariz era a avó, Católica Apostólica Romana, sempre que podia levava a menina na missa, e a colocou pra estudar no colégio das freiras. Foi assim que aprendeu a respeitar a crença de todos. E quando a mãe decidiu se unir a um Pai de Santo, estranhou a mudança brusca de religião, mas achou que poderia aprender com isso também. Afinal, não se viam "enteados de pai de santo" em todas as esquinas.
       Não. Não gostava dos atabaques. Odiava o cheiro de defumador. Gostava da música. Achava graça no padrasto incorporado. Com seus 1,90 de altura, olhos azuis, todo encurvadinho, fumando seu cachimbo e riscando o chão com a pemba. Ela até usava os colares cruzados, pra não fazer desfeita, mas só ia no centro quando era obrigada. Teve que ir no casamento. Tinha que ir nas festinhas de Cosme e Damião, bem, na verdade, adorava doces, então esse não era um grande sacrifício...
      Como amava os livros e não desprezava nem bula de remédio, passou a ler escondido os livros do padrasto. O primeiro que leu foi aquele famoso de São Cipriano, depois passou para aqueles que ele guardava bem escondidos, por baixo do baú da cama box. Era coisa muito pesada para uma menininha. Conhecer o além do que se fala, acabou por ser uma responsabilidade. Umbanda, Quimbanda, bem, mal. Equilíbrio. Não era decididamente o que queria para sua vida. Não bateria cabeça. Descarte realizado com conhecimento profundo de causa. Só ficou com a percepção. "Pegava no ar" as coisas. Sabia o que era coincidência e o que era "coisa mandada". Também sabia fazer e desfazer qualquer tipo de trabalho. Agora, querer, já é outra coisa. E isso não era o que queria para si.
       Sua vizinha, Adventista, era a sua melhor amiga. Com ela, conheceu os Desbravadores. Aprendeu muito com eles, acampava, orava. Divertia-se muito. Quando a amiga ia em sua casa, corria fechar a porta do quartinho. Era lá que ficava o altar. Uma mesinha, forrada com toalha branca rendada. Em cima, imagens de Iemanjá, São Jorge, entre outras. Velas sempre acesas. Mas se levantassem a toalha...imagens cheias de chifres e rabinhos...criaturas que fariam inveja a qualquer capa de cd de metal. No canto do quarto, num grande armário, as coisas usadas nos "trabalhos" e as roupas. Saias de baianas, vestidos de Pomba Gira, terninho branco, chapéu de palha. A pequena Janaína morria de medo que a amiga pudesse descobrir aquele quarto...mas a amiga nunca chegou nem perto. Quem saiu correndo pra nunca mais voltar, foi o namoradinho de Janaína, anos depois. Filho de uma boa senhora, Testemunha de Jeová, conhecia os perigos que uma macumba bem feita podem causar. Janaína deu-se por satisfeita. Já tinha enjoado do namorado e não sabia como terminar...tudo tem sua utilidade.
       Janaína era uma pessoa boa. Daquelas que acreditam que se não fazem mal para ninguém, não podem ter inimigos. Não que fosse santa, só não sabia desejar o mal. Perdoava facilmente, sempre que podia, ajudava todos ao seu redor. E numa sexta-feira, admirou-se ao ouvir os atabaques. Lembram que ela não gostava dos atabaques? Estava dormindo quando escutou. Ficou triste, na mesma hora soube o que desejavam e enviavam para ela, quase chorou.
       Fazia tempo que não visitava o padrasto, ele ficou feliz em revê-la. A queria como filha. A protegeria como pai. É. Nem sempre agimos como queremos. O mal nesse mundo é a força que impera. Reagir infelizmente é consequência.



http://www.vagalume.com.br/dazaranha/vagabundo-confesso.html
   

quinta-feira, 21 de março de 2013

Estou sem nenhuma vontade de escrever...então empresto dos amigos...

EU

Rastejando em meio as vontades
Perdido em meio ao passado
A vida tem sido o penitente fardo
Aquilo que trago em meu peito

Aquilo que um dia fui, se esvaiu em meio aos meus prantos
Tudo o que passou, é tudo o que restou deste fraco coração
Entretanto, não esqueci
Tudo aquilo que escondi no fundo do meu eu


Autor: Robson Santos
Composta: 21/03/13 ás 13:41



sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Estrela de rua.

      A rua está muito escura. As lâmpadas dos postes quebradas. Ela porém não tem medo de nada. Ela é que deveria ser temida. Ajeitou o anel gigante sobre o dedo. Uma motocicleta passa em alta velocidade. Ela joga uma pedra, incomodada com o barulho. Gosta do silêncio. Gosta do escuro.
      Puxa uma tábua solta que deveria lacrar a entrada da casa abandonada. O que restou do chão, após o incêndio range a cada passo. Sabe que tudo pode desabar, mas apenas firma o chinelo nos pés encardidos. Num canto pega uma escada de madeira. Encaixa na abertura do sótão. Sobe e recolhe a escada. Põe a tampa. Num canto, cobertas amontoadas sob o papelão. Aquele mocó é dela. Apenas dela, nunca levou ninguém lá. Esta é sua segurança. Arruma as cobertas da melhor forma que pode. De dentro da calça, tira uma garrafinha de água com Tinner pela metade. De dentro da blusa tira um paninho. Molha o paninho no solvente, deita e coloca em frente a boca. Respira devagar. Vai relembrando a tarde que passou no parque de diversões. A cabeça coça. O nariz amortece. Respira com mais força. Podia morrer assim. Ninguém sentiria sua falta, ninguém choraria por ela. Talvez aquela educadora do abrigo, mas aquela chora por tudo. Ela mesma não lembra de ter chorado. Sempre foi menina de rua. E na rua é preciso ser forte. Seu nome do registro só era usado no abrigo, e na cadeia. Odeia seu nome. Na rua a conhecem por Estrela. Por causa do anel. E um pouco pelo nome do registro também, que é Estela.
       Estrela começa a correr pelo sótão. Ri sozinha. Vai até a janela, pensa em gritar. O pouco de sobriedade que ainda tem a adverte do perigo. Volta para as cobertas. Molha mais o paninho. Segura na boca. Com a outra mão acaricia a própria orelha. Dorme. Sono profundo. Sem sonhos, como sua própria vida.
     

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Odeio Raul!

     Sempre odiei Raul Seixas. Quase sempre odiei Paulo Coelho. Ponto. Quanto ao primeiro, nunca enxerguei nele a genialidade de que falavam. Suas músicas nunca me disseram nada. O segundo, a princípio, tendo em mãos pela primeira vez um livro dele, na ingenuidade dos meus treze anos, gostei. Encantamento momentâneo. Indo mais a fundo, descobri uma fraude em pele de escritor. Um ex- satanista, idiota, metido a  escrever coisas singelas, cheio de plágios e bobeiras que enojariam qualquer um que ame a literatura.
      Pela passagem do meu aniversário, recebi uma cortesia da locadora próxima da minha casa. Não tinham o filme que eu queria assistir. O filme do Raul meio que surgiu em minha frente e aguçou minha curiosidade.
      O filme é bom. Muito bem feito...continuo odiando Raul Seixas e odiei mais ainda Paulo Coelho. Agora ganhei mais embasamento para continuar detestando com a consciência tranquila de não ser antipatia gratuita.
      E o que gostei no filme? Ver o "meu" apaixonante Marcelo Nova. Esse cara sim é genial( embora se auto considere discípulo do Raul) e só pela música "Deusa da minha cama" já vale ser "reverenciado" para sempre. Até porque, como minha personagem Suzana, não sou mulher de coisas mornas, de meios termos. Ou amo ou odeio. Ponto final.

http://www.youtube.com/watch?v=8h9e5JNSlN0&list=PL1A94AC408F5074D8&index=22

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Te desejo

Te desejo mais do que tudo, meus próprios desejos.
Te desejo meus beijos e o desejo nas madrugadas.

Te desejo minha garupa nos domingos de sol.
E o abraço apertado das crianças.

 Te desejo mesa farta, tempero caseiro e sabores exóticos.
Estante cheia de livros, boa música ao vivo.

Te desejo trilhas, mato e cachoeiras.
Te desejo coberta quentinha e conversas que nunca terminam.

Te desejo mensagens de amor, filmes que fazem pensar.
Te desejo carinho e rede para balançar.

Te desejo dinheiro e tudo o que ele não pode comprar.
Te desejo aromas, novas sensações e dias inteiros sem sair da cama.

Te desejo lembranças engraçadas e planos para o futuro.
Poesia rabiscada em guardanapo e muito Rock" n" Roll.

Te desejo mais mil aniversários.
E que em todos eu possa estar.

Te desejo meus próprios desejos e mais do que tudo,
te desejo.


Para Willian R. Veloso.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013