sábado, 15 de junho de 2013

Leva no olhar.

      Era apenas uma noite comum. Daquelas em que a lua ilumina pouco e o frio do sul tira a vontade de sair. Mas ele pegou mais uma jaqueta, a mochila e o violão. O que menos importava era para onde ia. Foi onde o acaso apontou. Onde havia pedras para subir e barulho de água para adormecer.
      Acendeu o fogo e olhou o céu sem estrelas. Deixou uma chaleira aquecendo. Queria também aquecer sua alma. Talvez ser parte da fumaça, voando levado ao vento, sem destino e sem porquê. Porque assim devia ser a vida do homem, sem razão ou vontade. Sem desejos nem ambições. Estar ali por estar...não, a verdade é que jamais poderia se enganar. Não era dono da sua vida desde que a olhou pela primeira vez, e já fazia tanto tempo que já nem sabia se era verdade. E ela estava com ele ali. Como estava no trabalho ou em sua casa. Já tinha mandado ela embora tantas vezes que cansou e desistiu. Que ficasse, não importava o motivo. Talvez um dia fosse real. Talvez não. Encostou num tronco e começou a tocar. Tocou até o amanhecer. Caminhou de volta para casa sem pressa alguma. E ela voltou com ele.


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