Tive medo
Mas lembrei ser imortal
Como cada palavra que soltei ao vento
Senti o peso do isolamento
Tive dó dos trabalhadores
E ódio dos que a toa passeavam
Eu avisei quanto aos governantes
Não sei se perdoei os arrependidos
Mesmo no sono não consegui descansar
O mundo se reduziu a janela
Televisão
Celular
Meu abraço foi virtual
Pedi perdão por pecados
Chorei com o Papa
Cozinhei, fiz crochê
Escrevi e de novo chorei
Tive dó das mães, dos pais
Dos avós
Das crianças
E desinfetei tudo o que alguém tocou
Agradeci cada pão
Cada raio de sol
Cada despertar
Tive esperança
Pedi a Deus
Acreditei em cientistas
Tive medo de tosse e espirro
Por fim, me entreguei
A cama, a tv e a tela do celular
Só antes passei um álcool
Pra até a alma, desinfetar.
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