sábado, 23 de junho de 2012

Até o Roberto a fez chorar...

      Eu acho que as pessoas só são verdadeiras até a adolescência. Ontem, um aluno de doze anos fez uma comparação que achei genial, ele falou que a adolescência pode ser comparada com a gravidez, porque é cheia de fases. Não falei para ele, mas pensando muito sobre o assunto, acho que ele está coberto de razão, além das fases, é toda uma preparação e um medo da dor do parto, ou da passagem para vida adulta.
      A adolescência de Ana e Suzana foi tão intensa, tão marcante, que por mais que as duas tivessem milhões de conquistas, a cada dia, fariam um esforço gigante para matar as meninas que um dia foram. Não por renegar o passado, muito pelo contrário, por amar demais um tempo que jamais voltará. Sofriam, choravam, mas acreditavam tanto no mundo e nas pessoas, que achavam que nunca seriam como os adultos. Tudo tinha mais graça e tudo tinha mais cor, até as coisas que odiavam, de certa forma, magicamente se transformava em romance.
      Naquela noite, era a mãe de Suzana que parecia ser adolescente, estava toda empolgada, com o Show do Roberto Carlos, aquele que é igual todo ano mas mesmo assim emociona o pessoal da (velha) jovem guarda. Mal começou o show, Suzana delicadamente fechou a porta do seu quarto, para não escutar o que achava ser a coisa mais brega do mundo. Deitou e enfiou a cabeça debaixo do travesseiro, porque a mãe tinha aumentado o som da tv, era muita cafonice para Suzana aturar, até que o tal do Roberto começou a tocar uma música antiga chamada Outra Vez. Suzana não tendo como não escutar, prestou atenção na letra, e imediatamente começou a chorar, e soluçava tão alto, que até a mãe largou o Roberto na sala, e foi ver o que acontecia com a menina...Suzana inventou uma dor de cabeça, uma cólica, qualquer coisa era melhor do que confessar. No dia seguinte, com a amiga Ana, nem sabia contar o motivo do choro, mas Ana sentia, não precisavam de palavras, então apenas foram para velha varanda, contemplar as nuvens e rir de todas as coisas da vida, que sem explicação fariam ter um dia motivos para entender porque se tornaram grandes mulheres, com pés no chão e a incrível facilidade de  recomeçar a cada dia.

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