Apocalípticos

 A vida inteira eu assisti filmes apocalípticos e de ficção científica. Sempre gostei muito. Zumbie, et, explosões, terceira guerra mundial,vírus mortal... Quando se torna real, perde a graça. Sonhei que estava na praia com o Willian Veloso, deu uma explosão no céu, eu corri pra fora, senti um forte cheiro de cigarro. Aí meu quintal, meu muro tinham sumido. A casa da minha irmã também... Tentei usar a internet, tava muito ruim, mas deu... Vocês todos postavam festas e passeios... Eu perguntava "e o vírus? Ninguém sabia do que eu estava falando. Meu carro não estava mais na garagem... Enfim, percebi, eu estava no passado... Liguei pro meu falecido pai e ele atendeu. Socorro!!! Então minhas crianças ainda eram pequenas e estavam sozinhas em casa... O dinheiro que a gente tinha só deu pra comprar 2 bicicletas velhas. Pois é, antigamente eu não tinha dinheiro nenhum mas tinha saúde pra subir a Serra de bike... 

Meu celular que vive no mudo fez barulho e eu acordei. Em 2020. Era outro pesadelo.

Vá

 Vá embora, não te quero

Ano de pesares e pêsames 

Não te quero, vá embora

Suma, nem vejo a hora

Leve tuas maldades

Teus vírus 

Tuas pessoas do mal

Que você não é bom, nem no Natal

Queremos esperança 

Ano Novo, vacina

Vai embora, com tua gripe assassina

Ano de máscaras, desinfetantes

Contágios, quarentena

Vai embora! 

Quero de você, ser livre

Não sentirei saudades, nem pena.

Perfeita manhã

 Das coisas perfeitas

Que nada custam
Ou quase nada
Daquele conforto
Balanço
Abraço
Olhando de São Jorge
Minha espada
E as suculentas
Felizes a contemplar o céu azul
E zumbizando
Vespinhas que ontem me ferraram
Não guardei mágoas
Nesta manhã lenta de domingo
Depois do café
Na rede
Rindo pra mim
As mexicanas
Caveiras
Do pé. 

Invisível

 A falta de estudar história, de ler, de conhecer as origens de seus avós, bisavós,  faz do brasileiro este povo sem memória, que vive numa bolha, que acha que é a primeira vez no mundo que crianças precisam ficar estudando em casa... Nunca houveram guerras, pestes, perseguições políticas, religiosas... Hoje, normalmente quem reclama é aquele que tem toda a informação do mundo na palma da mão, que pode estudar de corte costura a física quântica usando a internet, que pode ter acesso a professores maravilhosos pelo YouTube... Ain, Desirée,  mas e aquele coitadinho sem internet/computador/celular?

Você tá falando da criatura invisível, que mal frequenta a escola porque não tem tênis, uniforme, material? Aquele que falta aula pra trabalhar, esmolar, cuidar dos irmãos menores pra mãe trabalhar? Ou aquele que apresenta alguma dificuldade cognitiva ou de acessibilidade? Poxa, descobriu que ele existe, cidadão???? Não coloca ele no teu discurso/desculpa, porque você nunca fez nada pra melhorar a vida dele. Teu voto ainda mais excluiu quem já nada tinha... Tua esmola só faz bem ao teu ego. Teu discurso não condiz com teus atos. A pandemia vai passar. A desigualdade social, infelizmente não.

Desiveloso

Disquinhos

 Quando era bem pequena, com uns dois aninhos, se me lembro bem, tinha a Coleção Disquinhos e mais umas outras coleções. Ouvia, ouvia, ouvia de novo. Sei até hoje as músicas e falas... Alfabetizada, virei o que chamam de "rato de biblioteca". Lia 12, 15 livros por semana... Principalmente na adolescência, mergulhei nos livros, como se a ficção fosse a salvação pra todos os problemas que eu tinha, e que não deveria nunca ter tido, pois eram causados por adultos que "deveriam" cuidar de mim. E minha miopia subindo, subindo... Adulta, continuei lendo muito. Fiz cirurgia corretiva. Mais de 10 anos abençoados. Até que... Resíduos de miopia, vista cansada, dificuldades para longe, para perto e no meio do caminho, o CAOS. Não enxergo quase nada!!! Óculos e lentes pra longe, pra perto e pro meio do caminho, nada resolve.

Voltei a infância!!!! Tenho áudio livros agora!!!! 

Falta neles a emoção, a música da CINDERELLA, mas a leitura está lá!!!! Para todos que querem e podem ouvir!!! 

"Dim, Dom, Dim, Dom, todo reino está feliz! 

Vai casar a CINDERELLA, com o príncipe Luiz."

Desiveloso

O Longo Inverno

Estava aqui pensando num livro ( que sempre amei) chamado o Longo Inverno, da escritora pioneira norte americana Laura Ingalls Wilder ( por isso tenho minha Laurinha!!!!).
Eles ficaram meses trancados, por conta do inferno feroz... As meninas ( 4 irmãs) estudavam em casa, nunca deixaram de estudar embora uma delas fosse cega ( devido a uma epidemia anterior de escarlatina, narrada em outro livro). Os trens não funcionavam, nem correio, nem entregas, nem telégrafo.
Não tinham nada do que temos agora... Nem internet, nem luz elétrica, nem fartura em mercados, até a lenha acabou, precisavam torcer feno pra queimar e não morrer de frio, o querosene acabou, mas a mãe da família fez uma lamparina com botão, tecido usado e óleo. Apenas o pai da familia saia pra ir na venda local, ter notícias e conseguir algum alimento.
Família grande, de 6 pessoas, de poucos recursos, porém com bastante conhecimento, estudo pra época, a mãe era formada professora, o pai sabia tocar violino.
Cuidaram da casa, leram, estudaram, bordaram, costuraram... Fizeram suas orações, leram a bíblia, cantaram e até dançaram.
SOBREVIVERAM.
A gente também vai!!! Obrigada, Laura Ingalls, você me tornou uma adolescente mais sábia e uma mulher mais forte, principalmente agora!!!!
Desiveloso
( Quem não gosta de ler pode assistir um dos filmes, ou o seriado (dos anos 70) Os Pioneiros, pelo You tube.

Denise

Eu sou o tipo de pessoa que evito ao máximo incomodar as pessoas, mas nem todo mundo é assim... Acabei de lembrar de uma história:
Faz uns vinte anos isso, eu morava numa casinha, num bairro longe. E tinha uma vizinha no mesmo terreno. Acho que ela pensava que eu era mercearia grátis, num dia gritava na porta, "Denise, me empresta 1 ovo", no outro era "Denise, me empresta farinha", "Denise, me empresta o aspirador de pó ", "Denise", "Denise", todo dia, toda hora. Minha paciência acabou. Passei a ignorar os chamados dela. Podia morrer gritando "Denise" que eu fingia que nem era comigo! Maldade? Maldade nada! A tal da Denise que atendesse a folgada! Meu nome é Desirée, não Denise!!!!

Aguardando meu prêmio!

Bom dia, amigos! Vocês lembram do filme (real) Óleos de Lorenzo? HIPOTÉTICAMENTE, se o Covid 19 tem uma capa de gordura, um óleo não poderia ser desenvolvido para "quebrar" esta capa e destruir o vírus dentro do organismo humano? Passei a noite em  claro pensando nisso...Por favor, médicos, cientistas, pesquisem isso e depois podem me dar um Prêmio Nobel por SALVAR A HUMANIDADE.
Desiveloso.

Tudo pode acontecer, parte 7. A jóia da princesa.

- Pode me ajudar aqui? Preciso comprar um anel de noivado, sou um homem rude, não sei comprar uma jóia pra princesa!

- Rudemente romântico eu diria. Guti, você é um doce. Bem doce, confeitado eu diria. Talvez embrulhado sem muito gosto...

-Estou mal vestido? Com o uniforme da empresa que você escolheu? 

- Não. Brincadeira minha! Achei este segundo aqui lindo!!! Joalheria cara, hein? Nem sabia que vendiam pela internet. 

- Começaram, depois da pandemia. Vou comprar este então? E o tamanho? Que tamanho eu encomendo?

- Ah, Gutierrez, como posso saber? Nem conheço tua noiva!

-Ah, tem o teu tamanho, que número de anel você usa?

-Alta assim? Como eu? Sério? É bonita? Neste dedo acho que é 18. Deve ser isso.

- Linda! Nunca conheci uma mulher tão linda. Elegante, inteligente!!!

- Tá. Comprou? Bora trabalhar!!!! 

-Ficou mal humorada "Doutora"?

- Não. Estou pensando em outras coisas aqui, naqueles tuneis do teu avô...

Já que não dá pra ficar passeando por aí, e se a gente fizesse um rolê subterrâneo? Acha que consegue encontrar a entrada?

- Estão exatamente abaixo do meu porão, na casa que herdei do meu avô. Sexta seria minha folga aqui, o Silva ficará no meu lugar, se você não tiver compromisso, poderia jantar comigo, lá em casa... Aí descemos, e vamos desbravar aqueles túneis...

-Sabe que sonhei com isso minha infância inteira, né? Rodava com uma criançada pelas Mercês procurando a entrada do Túnel... Achei que era pelo Bosque dos Gutiérrez... 

- É aí que mora um mistério, Suzana... Mas é algo que só vou te revelar na sexta... Aliás, tenho duas revelações...

- Duas? O que é a outra?

- A outra você saberá... Sexta-feira!!!

O plano

Já descobri tudo! Saiam nas ruas, não usem máscaras, vão pro shopping, invadam uti...
Após 15.000.000 mortos virá declaração bomba : Era COMUNISTA e o plano,  exterminar a direita.
Delegada Suzana.

Covid 19

Tive medo
Mas lembrei ser imortal
Como cada palavra que soltei ao vento

Senti o peso do isolamento
Tive dó dos trabalhadores
E ódio dos que a toa passeavam

Eu avisei quanto aos governantes
Não sei se perdoei os arrependidos
Mesmo no sono não consegui descansar

O mundo se reduziu a janela
Televisão
Celular
Meu abraço foi virtual

Pedi perdão por pecados
Chorei com o Papa
Cozinhei, fiz crochê
Escrevi e de novo chorei

Tive dó das mães, dos pais
Dos avós
Das crianças
E desinfetei tudo o que alguém tocou

Agradeci cada pão
Cada raio de sol
Cada despertar
Tive esperança

Pedi a Deus
Acreditei em cientistas
Tive medo de tosse e espirro

Por fim, me entreguei
A cama, a tv e a tela do celular
Só antes passei um álcool
Pra até a alma, desinfetar.

Quarentena

Abri a boca e chorei a toa aqui.
A toa, não.
Chorei essa dor do mundo que faz o ar ficar pesado.
Faz os gatos amuados,
Sem vontade de brincar.
A gente esquece que tem rinite, e a cada espirro, o coração acelera, é de assustar.
Vê a temperatura porque o nariz trancou.
Sempre trancou. Mas agora...
Agora a solidão dói mais.
Agora que a rua está deserta
Ninguém pensa em festa.
A gente conta quantos sacos de feijão tem no armário.
Até tenta, jogar baralho.
Mas, cara, caramba.
A cabeça vai a mil
Não desguda do celular
Putz, quem previu?
Não quero desanimar.
Só mais um dia, só mais uma noite
Só mais sete, catorze, e poxa, vamos fazer poema.
Deus nos salva
E nos tira da quarentena.

Apresento meu quarto livro:

Porque o amor é assim

Vou falar de amor
Como se nunca houvesse falado
Pois quem falava
Não era eu

E hoje
Falo por outras palavas
Aquelas que me havia negado

Quero falar de algo maior
Do que versos que suspirei
Das rimas que hesitei
Quem me dera!

Parece que mudei o tom
Num intervalo qualquer
De um amor de menina
Pra um amor de mulher

Porque o amor é assim
Porque o amor é assim
Uma explosão de sentimentos
Que no mar calmo repousa
Porque o amor é assim
Porque o amor é assim
Saudade e esperança
Assim sem explicar

Parece que mudei o tom
Numa metáfora qualquer
Sobre um amor de menina
Menina mulher.