segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Eu é que caí...

      Era estabanada, desastrada. Só isso. Desde pequena, vivia com band-aid nos joelhos, quando os pais não levavam na emergência do hospital, apelavam para o tio, médico ortopedista.
- Desta vez, nenhuma fratura, como foi que aconteceu?
- Eu estava descendo, de patins, de bicicleta...
- Espere! Afinal de patins ou bicicleta?
- Os dois. Eu estava de patins, andando de bicicleta. Quando chegava no degrau entre a calçada e o gramado eu pulava da bicicleta e escorregava na rampa de patins, até que uma hora não deu certo!
      Depois de adulta, continuava igual, vivia com marcas que nem lembrava onde tinha batido. Já era muito tarde, teve sede, foi até a cozinha beber água. Esqueceu porém que naquela tarde tinha mandado instalar um portãozinho de madeira para impedir seu bebê de gatinhar entre os perigos da cozinha. Com portão e tudo na escuridão, caiu estatelada na cozinha, o portão desmanchou-se. Cada parte do seu corpo doía.

      Atendeu a cliente como de costume, pediu para tirar a calça e subir na maca. Não teve como não ver os grandes hematomas de todas as cores, do amarelo pardo até o tom de roxo. Eram marcas nas pernas, barriga, virilha...uma judiação!
- Olha, não é o que você está pensando. Eu é que caí, digo, caio, me bato a toa...
- Não precisa dizer nada não!
      Procurou fazer seu trabalho, se não fosse pela ética profissional, se não precisasse tanto daquele emprego, enfiaria o aparelho de Fotodepilação na garganta do monstro que com cara de bom marido, aguardava na recepção.
   
   

Nenhum comentário:

Postar um comentário