sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Tudo pode acontecer - parte 02

- Que vergonha, Suzana! Uma mulher com mais de quarenta com medo de tempestade e de uma lâmpada quebrada!
Suzana trocou a lâmpada, limpou os cacos. Preparou um banho bem quente na velha banheira. Estava de volta em Curitiba. Após um período trabalhando em Foz do Iguaçu pediu transferência.  Gostava de estar na sua cidade, embora odiasse o frio. E também não achava justo deixar toda a responsabilidade da empresa de segurança nas mãos de Gutierrez.
Deitou. Fechou os olhos. Precisava daquele "carinho " da água tocando seu corpo. Sentia-se só.  Não triste. Apenas só. Como se nada ou ninguém jamais tivesse como transpor aquele mundo só seu. Às vezes sentia vontade de voltar ao tempo em que fazia planos, junto com a amiga Ana, na varanda de uma casa que nem existe mais.
- Nenhum daqueles planos deram certo, talvez por este motivo não acredito mais em fazer planos...
Deixou os pensamentos desaparecerem. Acabou adormecendo dentro da banheira.
Num instante já não estava no antigo apartamento.  Pilotava sua Cbx 750 em ruas escuras e desertas. Conhecia bem aquelas ruas, aquele bairro. Mas, um pavor tomou conta dela. Algo como uma sombra enorme parecia querer engolir a moto. Sentiu o coração disparado. Teve impressão de conhecer a voz que saía da sombra, chamando seu nome.

Continua

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